Apresentações culturais e artísticas, além de praças de alimentação com comidas típicas, atraíram hoje (15) centenas de pessoas para as comemorações da 13ª Festa do Imigrante, na antiga hospedaria dos estrangeiros e atual Memorial do Imigrante, no bairro do Brás, Zona Leste de São Paulo. Durante os festejos, além de danças folclóricas da Alemanha, Paraguai e Hungria, ocorreu o lançamento de um livro sobre os 120 anos da hospedaria.
O livro, da historiadora Soraya Moura, relata um pouco das aventuras dos imigrantes que cruzaram o oceano em busca de uma vida mais promissora em terras brasileiras. A escritora lembra, por exemplo, que a hospedaria não serviu apenas de abrigo para os recém-chegados do Exterior. Foi também um local de prisão dos estrangeiros de países inimigos, durante a Segunda Grande Guerra. "Nesse período da guerra, o litoral passou por uma devassa e muitos japoneses, alemães e italianos vieram parar em celas neste local”.
De acordo com ela, o livro narra ainda episódios de grandes epidemias. "Muitos imigrantes ficavam suscetíveis a doenças que não conheciam, como a febre amarela ou a chamada tosse comprida”, destaca Soraya Moura. Ela calcula que, entre 1887 e 1978, passaram pela hospedaria mais de 2,5 milhões de pessoas de 75 nações.
Da antiga hospedaria, hoje apenas 30% é ocupada pelo Memorial do Imigrante. O restante sedia uma entidade social, a Associação Internacional para o Desenvolvimento-Núcleo São Paulo (Assimdes-SP), que atende a homens sem moradia, a maioria migrantes pobres, vindos do Nordeste do país e também refugiados políticos.
A festa também lembrou o centenário da imigração japonesa. Durante as comemorações, chegaram ao local, no início da tarde, os participantes de uma caminhada, que começou no último dia 12, no Porto de Santos para conhecer a tocha da Amizade, trazida do Japão e que ficará 10 dias no Memorial. O roteiro da caminhada foi traçado com o objetivo de repetir a trajetória dos primeiros imigrantes daquele país. A primeira grande leva desembarcou no Porto de Santos, em 18 de junho de 1908, no navio Kasato Maru, depois de uma viagem de 52 dias desde o porto de Kobe.
Por isso, o grupo – formado em grande parte por turistas vindos do Japão – fez uma parada no município. "Tivemos, inclusive,a participação de um senhor de 90 anos na subida da Serra do mar, pela estrada velha. E quando chegamos a São Bernardo, uma família com três gerações, incluindo bebês, fez questão de se unir a nós”, contou Luis Hanada, o organizador do grupo.
O ponto alto do centenário da imigração japonesa deve ocorrer, na próxima quarta-feira (18), quando o príncipe herdeiro Nahirito, será recebido, em Brasília, pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O Brasil tem a maior colônia de nipônicos do mundo, com 1,5 milhão de descendentes de japoneses nascidos em terras brasileiras. No próximo sábado (21), será a vez de São Paulo receber o príncipe Hahirito. No dia seguinte, domingo (22), ele viajará para o Paraná.
Marli Moreira
Agencia Brasil
Imigrantes relembram origens durante festejos típicos em São Paulo
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