Livro: A travessia da terra vermelha
Lucius de Mello
Novo Século
392 págs.
Em meados dos anos 30, a cidade de Rolândia no Paraná recebeu várias famílias de origem judia, livres dos primeiros anos do nazismo na Alemanha, graças aos esforços de um médico católico. Este médico, Otto Prussel, conseguiu criar uma operação de triangulação envolvendo empresas na Alemanha e na Inglaterra para conseguir que os povos de origem judaica usassem seu dinheiro, então bloqueado pelos nazistas, para comprar terras no Norte do Paraná e levar a estrada de ferro até Rolândia.
Um fato interessante é que no interior do Paraná repetia-se, guardadas as devidas proporções e sem o horror que acometeu a Europa da Segunda Guerra, a história de perseguição e discriminação que os judeus enfrentaram na Alemanha.
Um fato estranho e assustador foi que uma foto da época da inauguração da escola alemã de Rolândia em 1935 coberta por bandeiras com a suástica nazista. Ou a foto da poeta Maria Kahle de 1934, discursando para uma platéia que não se vê a partir de um púlpito com uma bandeira nazista. Ou um cartaz com a suástica e escrito em bom português "morte aos judeus".
Para os judeus que foram para Rolândia, reencontrar simpatizantes e seguidores do nazismo tão longe de casa foi muito difícil. E, para piorar as coisas, eles também eram alemães, o que, após o início da participação brasileira na Segunda Guerra, tornou tudo ainda mais difícil. Eles tinham medo dos nazistas alemães e dos fascistas brasileiros, representados por policiais sem instrução alguma, dispostos a fazer as leis antiestrangeiros de Getúlio Vargas serem cumpridas à risca.
Assim, eles tiveram de deixar de falar sua língua, enterrar todos os livros escritos em alemão e parar de praticar os ritos de sua religião, enterrando e escondendo os objetos considerados sagrados. Tudo para poder sobreviver de alguma maneira ao período.
Lucius de Mello é escritor, jornalista e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP. Atuou como repórter de Rede Globo durante 14 anos, trabalhou no Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho e fez parte da equipe de jornalismo do Jornal do SBT. Sua estréia da literatura deu-se em 1987 com a publicação do livro de contos Um violino para os gatos. É autor também de Eny e o grande bordel brasileiro.
Um fato interessante é que no interior do Paraná repetia-se, guardadas as devidas proporções e sem o horror que acometeu a Europa da Segunda Guerra, a história de perseguição e discriminação que os judeus enfrentaram na Alemanha.
Um fato estranho e assustador foi que uma foto da época da inauguração da escola alemã de Rolândia em 1935 coberta por bandeiras com a suástica nazista. Ou a foto da poeta Maria Kahle de 1934, discursando para uma platéia que não se vê a partir de um púlpito com uma bandeira nazista. Ou um cartaz com a suástica e escrito em bom português "morte aos judeus".
Para os judeus que foram para Rolândia, reencontrar simpatizantes e seguidores do nazismo tão longe de casa foi muito difícil. E, para piorar as coisas, eles também eram alemães, o que, após o início da participação brasileira na Segunda Guerra, tornou tudo ainda mais difícil. Eles tinham medo dos nazistas alemães e dos fascistas brasileiros, representados por policiais sem instrução alguma, dispostos a fazer as leis antiestrangeiros de Getúlio Vargas serem cumpridas à risca.
Assim, eles tiveram de deixar de falar sua língua, enterrar todos os livros escritos em alemão e parar de praticar os ritos de sua religião, enterrando e escondendo os objetos considerados sagrados. Tudo para poder sobreviver de alguma maneira ao período.
Lucius de Mello é escritor, jornalista e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP. Atuou como repórter de Rede Globo durante 14 anos, trabalhou no Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho e fez parte da equipe de jornalismo do Jornal do SBT. Sua estréia da literatura deu-se em 1987 com a publicação do livro de contos Um violino para os gatos. É autor também de Eny e o grande bordel brasileiro.
0 comentários:
Postar um comentário